27/12/2011

Alguns episódios não podem se dar ao luxo de serem esquecidos.

Eis que hoje, na correria do trabalho, um senhor bem de idade chega no caixa me pedindo pra trocar 5 reais. Confesso que fiquei impaciente, mas o fiz (só uma dica: não falem com uma pessoa quando ela está contando dinheiro, principalmente se for pedir pra trocar dinheiro).

Passou um tempo, o mesmo senhor volta e indaga se fui eu quem trocou aquele dinheiro, respondo que sim, então ele me faz a melhor pergunta do dia: 'gosta de ler?'. Faço um sinal afirmativo, ele continua: 'mas gosta mesmo, ou só gosta de ler por ler?'. Resolvo dizer a verdade: 'Adoro ler, meu senhor. Gosto de verdade. Por quê?'.

E não é que recebo três presentes?! Três livros, assim, sem que nem pra quê, 'Toma esse. E mais esses dois também. Mas é pra ler, viu?!'. Mas é claro que sim, meu senhor, mas é claro que sim.

Como se não bastassem os livros, ele volta me trazendo postais. Postais de uma Vitória da Conquista que não é mais a mesma. Uma Conquista que só existe nas pinturas a óleo. Que coisa linda! Um mais encantador que outro. A rua na qual trabalho, a praça com vários pombos, a dos artistas de rua... Lindos, lindos de verdade, como o meu gosto pela leitura.


"e os meus pés estão nos meus olhos
      e os meus ouvidos estão nos meus olhos
           a minha boca está nos meus olhos
      e os meus olhos estão em ti

meus olhos tristes como tigres
zunhando
           as paredes do planeta. 

... E contam que Calixtim 
morreu nas bandas de Minas.
Morreu de morte matada. 

... E contam que o poeta enlouqueceu
Pelas ruas de uma "Conquista"
Cem anos depois.

... E contam que a banda da janela azul
          Permanece ali, aberta e sem vida.
          Manchada no registro do olhar.

          - Mãe, o que faço,
                      O amor ou a loucura?

("Pau de Espinho na Banda da Janela Azul" - Jean Claudio, Vitória da Conquista, 2008)

11/12/2011

É difícil definir o que se sente. Se o coração está tranquilo ou se está doente.