Devo pedir desculpas a mim mesma, olhar a frase final da última postagem me fez rir.
Eu, inocente, desejei um 2024 com menos dor.
Pois bem, deixa eu começar essa da forma que eu queria:
Nascida às 07:25 de um sábado ensolarado, eu sempre gostei muito de comemorar o meu aniversário. Aquela sensação boa de estar rodeada de todo mundo que eu gosto é um verdadeiro acalento para a minha alma!
Bem, a intenção desse ano era essa, eu queria aproveitar que o dia iria cair novamente em um sábado e comemorar! Mas aí veio a vida e deu gargalhadas de mim. Novamente.
Essa minha última volta ao sol foi… nossa! Inacreditável.
Nunca pensei que em 365 dias eu me divorciaria (nunca passou pela minha cabeça que isso aconteceria) e que eu perderia duas pessoas tão queridas. Mas dizem que Deus sempre faz as coisas na hora certa, né? “Oi, Pai, ao menos me dê forças para aguentar o que pode vir pela frente, tá?” De agora em diante só peço forças, porque tranquilidade eu já desisti.
A morte de vó Alcidia doeu. Doeu muito. Foi todo um processo ir à Dracena, ficar na casa dela sem acordar com ela varrendo a frente ou voltando da padaria com um saco de pão. Mas, o fato de estarmos mais distantes, ajuda a dor a cicatrizar mais rápido, então hoje o lembrar é só com um quentinho no coração por saber que tem um anjo bom olhando por todo mundo lá de cima.
Daí outubro chegou. Eu nunca pensei que teria a força que tive para tomar uma decisão. Sempre posterguei as coisas, deixando a vida decidir por mim… até que precisei tomar a minha decisão.
Só eu sei o quanto não foi fácil. Nós dois sabemos, na verdade, porque não foi bom para nenhum dos lados. Mas também sabíamos que era o melhor. E foi.
Vivemos bem os 7 meses seguintes. Cada um seguiu e estava vivendo sua vida feliz. Mesmo.
Só que nenhum mapa astral ou numérico falou que Dan iria partir.
É uma coisa, porque eu me lembro de que às vezes a gente comentava que a mãe dele não iria aguentar mais uma perda. Eu falava direto o quanto ela era forte e tal. Mas me parece que o destino quer testar ainda mais essa resistência.
Há um mês e pouco eu recebi mais uma ligação me dando a notícia de que alguém tinha morrido.
Ver que Dan partiu ainda dói. Pensar que ela não vai continuar a vida dele, construir a sua família e ser aquele paizão que seria, dói muito.
Eu lembro de todas as vezes que a gente conversava sobre quem já tinha partido e eu pensava, “não, Deus não vai fazer a mãe dele sentir essa dor de novo.” Na minha cabeça era certo que Daniel viveria uma vida longa.
Eu queria aqui escrever sobre ele, sobre o quanto ele era uma pessoa de bom coração, que adorava pirraçar e que sempre fazia o que podia pela minha família. Que era uma pessoa muito, muito inteligente e que sabia bastante sobre várias coisas, desde instalar um chuveiro a fazer um cálculo complicado de cabeça. Mas eu ainda não consigo muito, as coisas ainda estão sendo processadas na minha cabeça. Quem sabe um dia eu volte aqui pra falar um pouco mais.
Diante de tanta coisa traumática que a passagem desses dois invernos me trouxe, veio algo muito bom.
A redescoberta da proteção, do amor, da alegria, da parceria, do cuidado… Acho que Deus pensou assim, “alguns baques virão pela frente, vou mandar alguém pra te segurar”. E que “muleta”! É muito bom ter motivos pra sorrir e amar.
Diante de tanta coisa, eu só peço que nos 33 eu tenha forças, mais nada